quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ser feliz dá medo

Dá medo sim.
E quem não admite, é porque nunca se sentiu tão feliz assim
É um balão cheio de ar voando no infinito
E o medo de encontrar um agulha no meio do caminho
Uma vez cheio de ar, ele não quer mais o vazio de antes
E sabe, acho que a gente teme mais o que já conhece
O desconhecido é sempre um mistério
É como o céu em que o balão flutua
Nunca se sabe, nunca se sabe
Onde ele vai parar
Norte, Sul, ilha, Finlândia, nascente, Joaçaba, floresta 
E de repente ele esquece:
Do medo, da agulha, do ar, do vazio
Ele só sente
Enquanto lá embaixo todos só observam.



 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Menos...é mais?

Mais dia e menos noite.
Menos Martha e mais Bukowski.
Mais água e menos café.
Menos lisos e mais ondas.
Mais salada e menos cachorro quente.
Menos pretos e mais brancos.
Mais olhares e menos sorrisos.
Menos ação e mais reflexão.
Mais Amy e menos Joss.
Menos dúvida e mais clareza.
Menos eu, ou eu mais? 

Mais, menos. Menos, mais. Sempre que aumenta ou diminui algo na gente, se cresce ou se volta atrás? Tenho medo de cortar o essencial e ir me picotando aos poucos até não sobrar nada de mim. Como dizia Clarice, temos que tomar cuidado com o que cortamos em nós, mesmo as partes ruins,  "pois nunca sabemos qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro". Tenho medo, também, de não me podar e deixar minhas ervas daninhas crescerem ao redor.

É preciso menos medo, talvez. E, quer saber? Esquece o talvez. Só esquecer já tá bom.

sábado, 25 de agosto de 2012

O Reformador do Mundo


"Fui convidado a me retirar
Do clube dos que não acreditam
Perdi meu direito a comparecer
Nas reuniões de quem só reclama." 
- Suicídio ao Contrário, Tópaz - 

Tão cômodo ficar reclamando das coisas e das pessoas como se tudo fosse ao contrário do que deveria ser. Ou de como a gente acha que deveria ser. 
Sabe qual o erro nessa história? A comparação recorrente da nossa vida com a vida das outras pessoas. O vizinho passa menos dificuldades do que nós e por isso é um FDP, filhinho de papai, privilegiado, nasceu com a bunda virada pra Lua. "Tudo na vida dele dá certo e pra mim as coisas sempre dão errado? Será que eu servi Nova Schin na Santa Ceia? Só pode!". Ou o cara é um sofredor, coitado, comeu o pão que o diabo amassou, mas pobrezinho, não tem culpa do que acontece com ele, é mais uma vítima desse mundo cruel e da sociedade falida. "E por isso, eu tenho que me conformar com a vida que eu tenho, podia ser pior né?"

Quando se fala em "vitimização", a tendência é pensar que é sempre do outro, que se faz de miserável pra não assumir a culpa. Mas não. Mesmo sem perceber acabamos vitimizando as outras pessoas também para nos sentirmos melhor com a nossa vida que, talvez não seja do jeito que queremos, mas também não é tão ruim quanto à do carinha ali. E conformismo também é uma forma de reclamação. Meia-reclamação na verdade. Tu começa: "Nossa isso não tá legal, queria que fosse diferente...melhor não, vai que estraga tudo? E prefiro que as coisas continuem do jeito que são, do que mudem pra pior." Tu para no meio da frase, mas por dentro grita e anseia pra que algo aconteça, sem mover um dedo pra isso (comofaz?).

O mundo é aquilo que ele é, porque nós fazemos dele o que ele é. O meu mundo e o teu mundo também. Muda é a forma como cada um enxerga ele. E formas de visão,vish! Tem tantas...

Tem gente míope, que precisa que as coisas estejam bem na sua frente pra poder ver bem, porque se estiverem longe, perde totalmente o foco. E aqueles com astigmatismo, que não enxergam um palmo na frente  do seu nariz, mas conseguem analisar muito bem as coisas à distância. Não podemos esquecer de quem sofre de catarata, que piora todos os ângulos de observação. Citei os mais populares até aí, mas existem mais. E nem um que venha à ser citado será pior do que o cego. O cego não enxerga mal, ele simplesmente não consegue fazer isso, independente da distância.  Lembrando que estou excluindo os casos de deficiência visual, falo é daquele que consegue ver, mas não enxergar. E esse é o tipo mais terrível de cegueira. 

Poderia muito bem citar o Saramago aqui nesse texto, pra ficar CUlt. Mas sabe o que me vem à mente quando penso nesse assunto? O "Reformador do Mundo", uma fábula do Monteiro Lobato, que eu lembro ter aprendido nas séries iniciais e que nunca, nunca mais esqueci. Ela falava sobre o Américo Pisca-Pisca: 

"Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estaria errado e a natureza só fazia asneira.
- Asneira , Américo?
- Pois então?... Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustentando frutas pequeninas, e lá adiante vejo uma colossal abóbora, presa ao caule de uma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabeiras para a aboboreira e as abóboras para a jabuticabeira. Não tenho razão?
Assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo."


Então, nosso querido amigo resolve se encostar à sombra da tal jabuticabeira "toda errada" pra tirar uma soneca. Enquanto o bobão sonha com um planeta perfeito, uma jabuticaba cai em cima do nariz dele. Aí a criatura acorda pra vida e percebe que talvez as coisas não sejam tão ruins, seguindo sua vida à piscar, agora reclamando menos e agindo mais. 

Moral da Estória 1: Para de reclamar das coisas que tu não pode mudar e te concentra naquelas que tu pode (as que vão realmente acrescentar alguma coisa e melhorar a tua vida). 

Moral da Estória 2: Quem muito espera as jabuticabas caírem em cima do nariz pra cair na real, pode acabar levando uma ABOBORADA na cabeça. 

E agora eu vou parar de reclamar de quem reclama e me fazer feliz com uma enorme xícara de café. É pouco? É. Mas me faz feliz. 





quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Não era sentimento...era TPM.

Ser mulher definitivamente não é para os fracos.

 Além de engravidar/dar à luz/ser mãe, muitas vezes ter jornada dupla, ou seja, trabalhar na rua, em casa  e comprovadamente ganhar menos por isso, ainda temos o prazer imenso de viver este período FILIZ , em que nossos hormônios reduzem os neurônios à insignificantes "slaves".

Mas né, não basta só sangrar durante cinco dias. Não! Alguns dias antes o teu corpo ainda te faz o favor de se preparar psicologicamente pra enlouquecer de vez! Começa com aquela vontade estranha de ver pela vigésima vez os clássicos da comédia romântica da "Sessão da Tarde"(aquelas mesmo, que tu já sabe o final de trás pra frente e mesmo assim chora que nem uma louca), deixando aquela barra de chocolate "escorregar" (ops!) pra dentro do cestinho no super e criando uma playlist com músicas da Kate Perry, James Blunt e Nickelback. Não contando, claro, o famoso e enorme inchaço que eleva ainda mais a tua auto-estima tão grande nesse período - só que ao contrário. Ah, e lembra aquele vinho fazendo aniversário na geladeira? Vai embora mais rápido que a tua ressaca no dia seguinte.

Qualquer semelhança com o vídeo abaixo NÃO é mera coincidência. E bitch, controle-se pra não molhar o teclado, please.


All by myseeeeeeelf, don't wanna be...Todas canta!

Óbvio que cada uma sente os efeitos de um jeito diferente, tem até umas extraterrestres privilegiadas que não sofrem de TPM, que devem ser as mesmas vacas que comem um boi pela perna e não engordam, mas no geral, quase todas apresentam algum sintoma relevante.

Eu, por exemplo, choro demais, fico furiosa por nada, fico eufórica por qualquer besteira, a minha insegurança dobra de tamanho e eu acabo ficando ciumenta e desconfiada, o que eu acredito que sentir em doses humanamente normais no resto do mês. É como se tudo ganhasse uma dimensão bem mais ampla do que tem na realidade. Não é a toa que acabo lendo mais Clarice Lispector nessa época do que em qualquer outra do mês. E escrevendo mais também, o que acaba sendo bom, porque assim eu mantenho minhas mãos ocupadas e evito de usá-las para socar a cara de algumas pessoas que ficam particularmente irritantes nesse momento tão mágico da vida. Ah, o auto-controle!

Mas é interessante de tu pensar que talvez, além de expulsar materiais "não-utilizados" no teu corpo, tu possa estar botando pra fora tudo aquilo que teve que guardar por conveniência ou convivência. A "loucura temporária" pode ser uma forma de exorcizar todos os demônios que ficavam te alfinetando por dentro. É uma insanidade momentânea que contribui pra ti continuar com ela no restante do tempo. 

Poder fazer a louca e ainda ter uma desculpa cientificamente comprovada pra isso.

É... ser mulher não é para os fracos: é para os espertos.




segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A insônia nossa de cada noite

Aqui estou eu, acordada em mais uma madrugada insone que tô lutando pra que não vire hábito. Meus horários de sono (e do resto também) estão totalmente fora de ordem. Há dois dias durmo cedo, leia-se dez horas da noite, e acordo lá pela uma hora da manhã, sem sono, ansiosa, com fome e meio perdida na vida.

Estar novamente sem emprego é uma tentação pros meus antigos hábitos noturnos. Antigos, porque desde que meu quarto quando adolescente ganhou uma televisão, um computador e alguns livros, eu peguei gosto por esse negócio de dormir tarde. Acostumei tanto, que hoje em dia até meu cérebro funciona melhor à noite. O que não é nada legal pra quem tem que cumprir horários comerciais.

E a ansiedade piora tudo: tenho comido muito à noite e tido uns sonhos meio bizarros. Noite passada sonhei com várias janelas de catedral (?). Tudo parecia uma apresentação de slides, com figuras de janelas, uma atrás da outra. Preciso pesquisar o que isso significa.

Não sinto a mínima vontade de dormir, mas como amanhã é segunda-feira , o Dia-nacional-dos-desocupados-acharem-algo-pra fazer, vou fazer um esforcinho e ir me deitar. Enquanto minha colega termina de finalizar dois processos antes de ir trabalhar. Insônia sozinha é uma coisa, agora acompanhada é phoda de combater. Mulheres SEMPRE tem algo pra conversar, mesmo às quatro e quarenta da manhã, mesmo que se vejam o dia inteiro, principalmente quando estão sob o efeito de uma overdose de cafeína.

E finalmente, lá vou eu pra minha cama quentinha, confortável e desarrumada. Bom Dia, dia!